Obs.:O último prefeito foi eleito com cerca de 9.700 votos.
Observações sobre o Censo quando a migração no município de Serrana/SP (Os destaques em vermelho são links. Click neles para ter acesso as informações relacionadas).
A Associação Olhos D'Água - OSCIP, organização não governamental de interesse público e sem fins lucrativos, da qual atualmente sou Diretor Presidente, desde 2004 empreende ações educativas ecológicas e sócio-culturais no município, atuando em escolas municipais (link MCTV) e junto ao público, em locais de grande afluxo de pessoas. DE 2010 a 2013 foi proponente e responsável pelo projeto que resultou no PONTO DE CULTURA CEQUISABI, do qual fui autor, gestor e produtor, realizando diversas atividades, dentre as quais quero ressaltar aqui, as de um outro projeto integrado a este, o ROCKORDEL, que teve como carro chefe as intervenções teatrais realizadas na rua Vicente de Paula Lima, local onde ocorre a feira livre aos domingos, além de um festival de teatro e música, também realizado na rua, em meio ao público da feira. Foi um trabalho de grande aprendizado para nós, para o público que presenciou as apresentações e os participantes do evento.
Em 2009, fazendo levantamentos para elaborar o PROJETO CEQUISABI, constatamos através de dados obtidos através da Secretaria de Assistência Social de Serrana, que cerca de 72% da população do município era constituído de migrantes, oriundos das regiões norte, nordeste e centro-oeste do país, que vieram para cá, ou foram trazidos, para o trabalho na lavoura e industrialização da cana-de-açucar, em duas usinas deste setor situadas nos arredores da cidade. Este afluxo se constata acima através das tabelas que elaboramos.
Oportunamente os políticos se aproveitaram deste "mecanismo" para arrebanhar eleitores para suas campanhas políticas, fato bastante perceptível ao se observar as tabelas supra, em épocas de eleição.
Esta "explosão demográfica" municipal fatalmente acarretou inúmeros problemas sociais, quando a arrecadação de impostos do município passou a ser muito inferior a demanda por serviços públicos. Ao lado disto os governos municipais não souberam, puderam ou quiseram realizar campanhas, que pudessem INTEGRAR os novos habitantes à vida da cidade.
Somasse a este grave problema, outro que considero de proporções ainda maiores e que infelizmente a falta de cultura dos homens públicos do município, nunca se deu conta ou sequer relevou. Ocorreu um "choque cultural" entre os nativos do município, sua cultura típica "caipira" e a cultura muito diversa trazida pelos migrantes das diversas regiões do país, principalmente a nordestina.
Este choque cultural provocou uma divisão e segregação social e que se refletiu principalmente no aspecto econômico, o que consequentemente provocou uma desaceleração do desenvolvimento neste segmento, bem como no social, político e o cultural. Ora, perceber isto é bem simples. Tendo-se em conta que nossa economia capitalista é baseada no "crédito", ou seja no "credo", ou crença em valores, ou melhor ainda é CULTURAL, havendo ruptura neste âmbito, toda a cadeia subsequente sofre as consequências.
Uma visão um pouco mais atenta sobre a distribuição geográfica do setor de comércio e serviços na cidade, torna claro esta divisão, quando o "centro" da cidade, região onde reside a classe mais abastada e se situa o comercio mais elitizado, possui economia fraca, quando nos bairros que se distanciam do centro, onde reside a população de menos poder aquisitivo, tem comércio e economia mais fortes.
O choque provocou um "silêncio cultural", por que obviamente não existe uma "linguagem" que converse com o SERRANENSE como um todo. Em decorrência outros serviços ou atividades definharam igualmente com esta falta de diálogo. Tome-se como exemplo os dois clubes da cidade, que até por volta de 1985 ocupavam suas dependências com grande número de atividades e alta frequência de público. Havia até um torneio de esportes, que mais parecia uma mini olimpíada na cidade. Hoje um deles fechou e outro está em precárias condições.
O drama desta segregação social que relatada acima foi vivenciada por nós que realizamos as intervenções artísticas na feira, conversando com o público que circulava pelo local, fazendo pesquisas de opinião sobre o evento. A primeira pergunta que se fazia a pessoa, depois do nome, era: “De onde você é” e a resposta invariavelmente era: “Daqui!”. Observando o sujeito, sua pele mais queimada, seus traços e seu sotaque carregado, refazíamos a pergunta: “Mas nasceu aqui?” – Resposta – “Sim”. Então tínhamos que coloca-lo em cheque, com a pergunta: “Mas quer me enganar!!! Com este sotaque você não nasceu aqui!” Então vinha a verdade – estados do centro-oeste, norte e nordeste.
Constatava-se o que já sabíamos, um sentimento de rejeição, uma forte retração quanto assumir a natalidade e a cultura correspondente.
Finalizando! Como o Censo é elaborado a partir de informações obtidas com o questionamento dos recenseados e não por observação direta ou documental, existe a possibilidade de que os levantamentos feitos, omitam a realidade sobre a migração efetiva sofrida pelo município. Por este motivo fiz a última das tabelas acima, onde pode se observar que o crescimento populacional “normal” da cidade, quando não há o afetamento por questões econômicas de oferta de trabalho, ou por razões políticas-eleitoreiras, é de cerca de 1,25% ao ano, pelo menos é o que se pode concluir observando a tabela anterior Estatísticas do Registro Civil 2011. Corroborando com estes dados, segundo o único Cartório de Registro Cível do município, foram registradas 590 crianças em 2012.
Wagner Nogueira
MTB 0070585/SP
MTB 0070585/SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário